Fundado em 1988 por um grupo de dissidentes do PMDB — entre eles, nomes como Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso e José Serra — o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) surgiu com a proposta de representar uma social-democracia moderna, com forte compromisso com a ética, a estabilidade econômica e a democracia. A sigla se consolidou nos anos 1990, principalmente após a eleição de Fernando Henrique à Presidência da República, cargo que ocupou por dois mandatos consecutivos (1995-2002).
Durante esse período, o PSDB protagonizou importantes reformas econômicas, incluindo a criação do Plano Real, e passou a ser uma das forças políticas centrais do país, disputando diretamente com o Partido dos Trabalhadores (PT) o protagonismo político nacional por duas décadas. No entanto, após derrotas eleitorais seguidas e crises internas, o partido perdeu espaço nas urnas e no Congresso.
Nesta terça-feira (29), o PSDB deu um passo estratégico para tentar recuperar parte de sua relevância: aprovou a fusão com o partido Podemos, em reunião com sua cúpula nacional e o presidente Marconi Perillo. A unificação será oficializada em convenção marcada para 5 de junho, quando também serão debatidas mudanças no estatuto da nova legenda.
Nova configuração e tentativa de sobrevivência
Com a fusão, o novo partido contará com 28 deputados federais (5% da Câmara), 7 senadores, 2 governadores e cerca de 400 prefeitos. A movimentação busca garantir o cumprimento da cláusula de barreira em 2026 — que exige ao menos 2,5% dos votos válidos ou 13 deputados federais eleitos em 9 estados.
Atualmente, o PSDB tem apenas 13 deputados distribuídos em oito estados, o que o coloca entre as 11 siglas ameaçadas de perder acesso ao fundo partidário e ao tempo de propaganda na TV. Para evitar esse colapso institucional, a sigla negociou, nos últimos meses, com diversas legendas, como MDB, PSD e Republicanos, mas foi com o Podemos que a articulação avançou.
Crise e perda de protagonismo
Desde a derrota do então presidenciável Geraldo Alckmin em 2018, o PSDB vive um período de retração. A legenda sofreu baixas nas bancadas, perdeu influência em prefeituras e enfrentou divisões internas profundas. A situação se agravou após os fracos resultados nas eleições municipais de 2024.
O processo de desgaste teve início ainda em 2014, quando Aécio Neves perdeu para Dilma Rousseff (PT) em uma disputa presidencial acirrada. Após o resultado, o PSDB adotou uma postura de oposição radical, contestando a legitimidade da vitória petista e apoiando movimentos pelo impeachment. Essa guinada foi vista como o rompimento com seu perfil centrista, abrindo caminho para o crescimento da direita mais radical e a ascensão de figuras como Jair Bolsonaro.
Agora, com a fusão aprovada, o PSDB busca sobreviver, reconstruir sua base eleitoral e voltar a ocupar espaço relevante no cenário político nacional. O desafio, no entanto, será unir as duas culturas partidárias e apresentar uma proposta que dialogue com o eleitorado de 2026.
Acompanhe mais notícias como essa no PMW Notícias 💻📱