O Dia do Trabalhador, celebrado em 1º de maio, é mais do que um feriado: trata-se de uma data histórica que marca a luta por direitos e melhores condições de vida para milhões de trabalhadores ao redor do mundo. Sua origem remonta às manifestações operárias ocorridas em Chicago, nos Estados Unidos, em 1886, quando milhares de trabalhadores foram às ruas exigir a jornada de oito horas de trabalho. A repressão policial resultou em mortes e prisões, e os chamados “Mártires de Chicago” entraram para a história como símbolo da resistência da classe operária.
No Brasil, o 1º de maio passou a ser celebrado oficialmente em 1925, durante o governo de Artur Bernardes, e ganhou ainda mais força nos anos seguintes, especialmente no período do governo Vargas, quando diversas leis trabalhistas foram consolidadas, culminando na criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1943. Desde então, essa data passou a representar não apenas um momento de celebração, mas também de reflexão e reivindicação.
Neoliberalismo e os desmontes dos direitos trabalhistas
Nas últimas décadas, principalmente a partir dos anos 1990, o Brasil vem sendo impactado por políticas de viés neoliberal, que colocam o mercado acima do bem-estar social. Em nome da flexibilização, modernização e suposta geração de empregos, diversos direitos dos trabalhadores foram sendo desmontados.
A Reforma Trabalhista de 2017, por exemplo, alterou profundamente a CLT, fragilizando a proteção jurídica ao trabalhador. Entre os principais pontos estão a prevalência do negociado sobre o legislado, a criação do trabalho intermitente e a ampliação da terceirização — medidas que, embora apresentadas como formas de dinamizar a economia, precarizaram as relações de trabalho, enfraqueceram os sindicatos e ampliaram a insegurança da classe trabalhadora.
Além disso, propostas como a reforma da Previdência e as tentativas de criação de regimes de capitalização seguem a lógica de retirada de direitos em prol da financeirização da economia, penalizando principalmente os mais pobres.
O avanço das plataformas digitais e o crescimento do trabalho por aplicativo também são reflexos dessa política: trabalhadores sem vínculo formal, sem direitos previdenciários e com rendimentos instáveis, vivendo sob a lógica da produtividade extrema e da insegurança constante.
A importância da organização e da luta coletiva
Frente a esse cenário de retrocessos, a organização coletiva da classe trabalhadora se torna ainda mais urgente e necessária. Os sindicatos, centrais sindicais, movimentos sociais e coletivos de base exercem papel fundamental na defesa dos direitos, na articulação de pautas e na pressão sobre os poderes públicos por condições mais justas.
O 1º de maio (Dia do Trabalhador) deve, portanto, ser resgatado como um dia de mobilização, memória e resistência. Celebrar essa data é lembrar das conquistas históricas, mas também é reforçar a importância da luta contínua por justiça social, distribuição de renda, trabalho digno, valorização salarial e garantia de direitos básicos como saúde, educação e previdência.
Em tempos de crescente precarização e desvalorização do trabalho, a união e o engajamento da classe trabalhadora são os caminhos para enfrentar os desafios impostos pelo neoliberalismo e para construir um futuro mais justo e igualitário.
Sobre o autor:
Leandro Araújo é graduado em Marketing, licenciado em História, pós-graduado em Sociologia e estudante de Jornalismo.
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