A proporção de evangélicos no Brasil continua crescendo e alcançou 26,9% da população em 2022, segundo dados do Censo divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento considera pessoas com 10 anos ou mais de idade.
Esse grupo religioso foi o que mais cresceu entre os dois últimos censos: de 21,6% em 2010 para 26,9% em 2022, um aumento de 5,3 pontos percentuais. Apesar disso, o ritmo de crescimento tem desacelerado. Entre 2000 e 2010, por exemplo, a alta foi de 6,5 pontos percentuais.
“A presença evangélica tem se tornado mais expressiva na sociedade, com maior divulgação de seus valores e crenças”, afirma a pesquisadora Maria Goreth Santos, do IBGE.
Outro grupo que apresentou avanço foi o dos brasileiros sem religião — incluindo ateus, agnósticos e aqueles que não se identificam com nenhuma crença —, que passaram de 7,9% da população em 2010 para 9,3% em 2022.
As religiões de matriz africana, como umbanda e candomblé, também ganharam mais visibilidade, crescendo de 0,3% para 1% no mesmo período. Para Goreth, isso pode estar relacionado a um maior enfrentamento da intolerância religiosa e à superação de medos e estigmas.
Catolicismo continua em queda histórica
O percentual de católicos apostólicos romanos caiu de 65% para 56,7% entre 2010 e 2022. A redução segue uma tendência observada desde o primeiro Censo brasileiro com esse tipo de dado, em 1872, quando os católicos representavam 99,7% da população.
Atualmente, a maior proporção de católicos está nas regiões Nordeste (63,9%) e Sul (62,4%). No Centro-Oeste e Sudeste, os índices são de 52,6% e 52,2%, respectivamente. A menor taxa foi registrada na Região Norte (50,5%).
O Piauí é o estado com maior percentual de católicos (77,4%), enquanto Roraima apresenta a menor proporção (37,9%).
O Censo também revela uma tendência geracional: quanto mais velha a população, maior o número de católicos. Entre pessoas com 80 anos ou mais, 72% se declaram católicas, enquanto entre jovens de 20 a 29 anos esse percentual é de 51,2%.
Evangélicos se concentram no Norte e entre os jovens
Os evangélicos apresentam uma distribuição etária mais homogênea, com destaque entre crianças e adolescentes. Na faixa de 10 a 14 anos, 31,6% declararam seguir essa religião. O percentual varia entre 27,5% e 28,9% entre 15 e 49 anos, e cai para 19% entre os mais velhos (80 anos ou mais).
Regionalmente, a maior proporção está no Norte (36,8%), seguido pelo Centro-Oeste (31,4%), Sudeste (28%), Sul (23,7%) e Nordeste (22,5%). O Acre lidera entre os estados com 44,4% da população evangélica. O Piauí tem o menor índice (15,6%).
Apesar de não serem maioria em quase nenhum município, os evangélicos são o maior grupo religioso em 244 cidades. Em Manacapuru (AM), com mais de 100 mil habitantes, eles representam 51,8% da população.
Maior diversidade religiosa no país
O IBGE também identificou o crescimento de outros grupos religiosos, como o judaísmo, islamismo, budismo e esoterismo, que passaram de 2,7% para 4% da população. Já os seguidores de tradições indígenas representam 0,1% do total.
Em contrapartida, os espíritas diminuíram de 2,1% para 1,8%.
O estado de Roraima se destaca pela maior proporção de pessoas com tradições indígenas (1,7%), outras religiosidades (7,8%) e sem religião (16,9%). O Rio de Janeiro também aparece com 16,9% da população sem religião e tem a maior taxa de espíritas (3,5%).
O Rio Grande do Sul lidera na proporção de praticantes de religiões de matriz africana (3,2%).
Religião, gênero, cor e escolaridade
As mulheres são maioria em quase todos os grupos religiosos, exceto entre os sem religião (56,2% são homens) e os seguidores de tradições indígenas (50,9% homens).
O espiritismo é a religião com maior percentual de mulheres (60,6%), seguido por umbanda e candomblé (56,7%). Entre os evangélicos, as mulheres representam 55,4% dos fiéis.
Na análise por cor ou raça, o catolicismo predomina entre brancos (60,2%), pretos (49%) e pardos (55,6%). Entre indígenas, há maior diversidade: 42,7% católicos, 32,2% evangélicos e 7,6% seguem tradições próprias.
A escolaridade também varia. Os espíritas lideram com 48% de pessoas com ensino superior completo, seguidos por umbandistas e candomblecistas (25,5%) e pessoas de outras religiosidades (23,6%).
Entre os católicos, 18,4% têm ensino superior. Entre evangélicos, 14,4%. Já os praticantes de tradições indígenas registram o menor índice (12,2%) e a maior taxa de analfabetismo (24,6%).
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