A organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) acusou nesta segunda-feira (16), em entrevista coletiva realizada em Bruxelas, a União Europeia e seus Estados-Membros de hipocrisia e omissão frente à ofensiva militar de Israel contra a Faixa de Gaza. A entidade afirma que a falta de ação efetiva tem permitido que o massacre continue com total impunidade.
O Secretário-Geral da organização, Christopher Lockyear, destacou que os países europeus têm os meios políticos, diplomáticos e econômicos necessários para pressionar Israel a cessar os ataques e permitir a entrada irrestrita de ajuda humanitária. “Parar isso exige coragem política, responsabilidade legal e compromisso moral. A escala do sofrimento em Gaza exige mais do que retórica vazia”, afirmou.
Desde outubro de 2023, segundo a MSF, Israel tem promovido uma campanha militar devastadora, com deslocamentos forçados em massa, destruição sistemática de infraestrutura civil e bloqueios ao fornecimento de alimentos, medicamentos, água e energia. “É um massacre orquestrado do povo palestino. É uma limpeza étnica intencional”, afirmou Lockyear.
Além disso, a organização denuncia que os Estados europeus continuam fornecendo armamentos a Israel, mesmo enquanto criticam a condução da guerra. “A hipocrisia dos Estados da UE, que falam, mas não agem, torna-se mais evidente a cada dia”, acrescentou Lockyear.
A ajuda humanitária, segundo a MSF, tem sido utilizada como moeda de troca, sendo constantemente bloqueada ou restringida. Em meio a essa realidade, centenas de palestinos têm sido mortos ou feridos enquanto tentam receber o mínimo necessário para sobreviver. “O sistema de entrega de ajuda que foi imposto não é apenas um fracasso, mas também é desumanizante e perigoso”, disse Lockyear.
O Hospital Nasser, principal centro médico no sul de Gaza, está à beira do colapso, sofrendo com ordens de evacuação e restrições severas. Só nas últimas semanas, mais de 500 pacientes foram atendidos pela MSF em meio a ataques com múltiplas vítimas.
“Montamos hospitais improvisados para tentar suprir a demanda, mas eles não substituem as unidades regulares. Os hospitais remanescentes devem ser protegidos, e a entrada de ajuda deve ser facilitada imediatamente”, alertou.
A MSF, junto a outras organizações humanitárias, continua exigindo um cessar-fogo imediato e incondicional, acesso humanitário irrestrito e respeito ao direito internacional humanitário, especialmente no que diz respeito à proteção de profissionais de saúde e instalações médicas.
Violência contra profissionais de saúde
Desde o início da ofensiva, funcionários e pacientes da MSF foram forçados a evacuar ao menos 18 unidades de saúde em Gaza. A organização contabiliza 50 incidentes violentos, incluindo ataques aéreos, tiros de tanque contra abrigos, invasões a centros médicos e disparos contra comboios humanitários. Ao todo, 11 profissionais da MSF foram mortos.
“O que as pessoas estão vivendo em Gaza é insuportável: isso precisa parar agora”, concluiu Lockyear.
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