Na manhã desta quarta-feira (30), a Polícia Civil do Tocantins deflagrou a Operação Rasante no município de Paraíso do Tocantins, com o objetivo de combater o crime organizado. A ação resultou no cumprimento de um mandado de prisão preventiva e dez mandados de busca e apreensão contra investigados suspeitos de integrar uma organização criminosa responsável por diversos crimes na região.
O mandado de prisão foi cumprido contra V.H.A.G., de 27 anos, conhecido no meio criminal como “Megamente” ou “Estudioso”, identificado como Regional da facção no Centro-Oeste do Tocantins. O suspeito já havia sido preso no sábado (26) por tráfico de drogas e atualmente estava custodiado na Unidade Penal de Paraíso do Tocantins.
A operação foi coordenada pela 6ª Divisão Especializada de Combate ao Crime Organizado (DEIC – Paraíso) e contou com apoio da DRACCO, Denarc (Palmas), DEAMV (Paraíso) e das 61ª e 62ª Delegacias de Polícia do município.
Facção impunha tortura, “tribunais do crime” e execuções internas
De acordo com o delegado Antônio Onofre Oliveira da Silva Filho, chefe da DEIC em Paraíso, as investigações começaram após denúncias de tortura contra usuários de drogas e um homicídio registrado em janeiro deste ano. A apuração revelou uma estrutura criminosa com regras internas rigorosas, que incluíam punições violentas — como surras, mutilações e até execuções — para membros que desrespeitassem ordens da liderança.
“Foi apurado que, após integrantes da facção cometerem um homicídio sem autorização da cúpula, houve uma espécie de procedimento disciplinar interno, como se fosse um PAD dentro da organização criminosa”, explicou o delegado.
As punições aplicadas aos membros da facção variavam de afastamento das funções até a morte, passando por agressões e mutilações. Usuários de drogas e moradores de áreas controladas pela facção também eram alvos de espancamentos e torturas, principalmente por desrespeitarem as regras impostas pelo grupo.
“Rasante”: reuniões para planejar ações criminosas
O nome da operação faz referência ao termo “rasante”, usado para designar reuniões virtuais diárias da facção, feitas por chamadas de vídeo com membros e lideranças. Nessas reuniões, estratégias e ordens eram alinhadas, e um resumo das decisões — chamado de “ata” — era posteriormente divulgado nos grupos internos da organização.
A investigação conseguiu mapear a hierarquia da facção em Paraíso do Tocantins, identificando desde os líderes até os operadores diretos. Muitos dos integrantes têm extensas fichas criminais por crimes como homicídio, tráfico, sequestro, cárcere privado e tortura.
Apreensões e novos desdobramentos
Durante a Operação Rasante, três pessoas foram presas em flagrante e um menor foi apreendido, todos por envolvimento com o tráfico de drogas. A Polícia Civil também recolheu entorpecentes, insumos, celulares e máquinas de cartão, que agora passarão por análise pericial. Os materiais podem fornecer novas pistas e desdobramentos para a investigação em curso.
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