A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou uma denúncia formal contra Jair Bolsonaro e seus aliados, acusando-os de tentar romper a ordem democrática e planejar um golpe de Estado. Segundo o documento, os movimentos para deslegitimar o sistema eleitoral e a mobilização de setores militares tiveram início em março de 2021, logo após a anulação das condenações de Luiz Inácio Lula da Silva pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Início da trama golpista
No dia 8 de março de 2021, o ministro Edson Fachin decidiu anular as condenações de Lula relacionadas à Operação Lava Jato, tornando o ex-presidente elegível novamente. A decisão desencadeou uma reação no grupo de apoio a Bolsonaro, que passou a traçar estratégias para impedir a sua derrota eleitoral em 2022.
De acordo com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, “o grupo passou a elaborar e disseminar um discurso sobre urnas eletrônicas e votações”, buscando desacreditar o sistema eleitoral e preparar o terreno para uma eventual intervenção.
Intensificação dos ataques
Em 29 de julho de 2021, Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo no Palácio do Planalto criticando o sistema eletrônico de votação e exaltando o papel das Forças Armadas. A partir desse momento, seguiu com ataques cada vez mais agressivos aos Poderes, buscando mobilizar seus apoiadores e minar a credibilidade do processo eleitoral.
Em reuniões com ministros e militares, Bolsonaro teria falado abertamente sobre o “uso da força” para garantir sua permanência no poder. Segundo a PGR, um dos principais aliados do ex-presidente, o general Augusto Heleno, afirmou que qualquer movimento teria que ocorrer “antes das eleições”.
Mobilização contra as urnas e estratégia de tumulto
Já em 2022, com Lula liderando as pesquisas, Bolsonaro reuniu embaixadores e diplomatas estrangeiros para disseminar fake news sobre supostas fraudes nas urnas eletrônicas. No segundo turno das eleições, a PGR aponta que houve tentativas diretas de interferência no pleito, com a Polícia Rodoviária Federal realizando blitzes em regiões onde Lula teve vantagem no primeiro turno.
Após a vitória de Lula, os ataques ao sistema eleitoral continuaram, com o objetivo de manter apoiadores mobilizados em frente a quartéis, pedindo intervenção militar.
Plano de assassinatos
A PGR também revelou a existência de um plano, chamado “Punhal Verde-Amarelo”, que previa o assassinato de Lula, de seu vice, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes. O plano, segundo a denúncia, teria sido levado ao conhecimento de Bolsonaro, que concordou com a iniciativa.
Os preparativos para os assassinatos estavam completos e só não foram executados porque o grupo não conseguiu garantir o apoio de um comandante-chave do Exército.
Tentativa final: o 8 de janeiro
Mesmo após a posse de Lula, o grupo buscou manter a mobilização. O auge das tentativas de golpe ocorreu em 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e vandalizaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. Para a PGR, o episódio foi o último grande esforço do grupo para reverter a derrota eleitoral.
Defesa de Bolsonaro
A defesa de Bolsonaro nega todas as acusações e alega que a denúncia é “inepta” por se basear apenas na delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente. Os advogados também afirmam que Bolsonaro “confia na Justiça” e que a denúncia não se sustentará devido à falta de provas concretas.
O caso segue em análise pelo Supremo Tribunal Federal, podendo resultar em novas investigações e responsabilizações.
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