Fé, tradição, emoção e devoção marcaram a Missa dos Vaqueiros, que ocorreu neste domingo, 14, na cidade de Taguatinga, na região sudeste do Tocantins. O evento tradicional da cidade compõe a programação do festejo de Nossa Senhora d’Abadia, padroeira do município de Taguatinga.
O festejo de Nossa Senhora d’Abadia, este ano, tem como tema “Mulher, grande é a tua fé”, que iniciou no dia 5 e segue até o dia 16 de agosto, quando os fiéis participam da missa dos romeiros finalizando a programação repleta de manifestações culturais tradicionais tocantinenses, como as Cavalhadas e a Missa dos Vaqueiros.
Um dos festejos mais tradicionais do Tocantins representa muito para Taguatinga, municípios vizinhos da região sudeste e todo o Estado do Tocantins.
O pároco de Taguatinga, o padre Marcos Aurélio Alves Ramalho, ressaltou que a festa além de exaltar a religiosidade do tocantinense, mantém viva a tradição cultural de um povo fortificando-a para além da semana do festejo. “O nosso o Tocantins, assim como o nosso Brasil, tem as suas raízes agrárias, a vivência do homem do campo, do respeito com os animais e esse festejo, essas manifestações expressam a alma do nosso povo. É a devoção à Nossa Senhora, a presença da bandeira do Divino Espírito Santo tudo isso tem um significado muito grande, não só hoje, mas todos os dias, reforçou.
Depoimentos de devoção
Após dois anos, vaqueiros, cavaleiros e amazonas subiram novamente no cavalo e seguiram o cortejo pela cidade até a praça da matriz, onde ocorreu a missa. Momento que vai ficar marcado para o Hamilton Cardoso Santos. Vaqueiro taguatinense, devoto de Nossa Senhora d’Abadia, participante da cavalgada desde os 12 anos, hoje aos 52, Hamilton afirmou que este ano a missa despertou um sentimento especial. “São 40 anos participando dessa festa, quando não teve nos anos anteriores foi muito ruim. Agora eu sinto uma emoção, pois Nossa Senhora me ajuda com tudo que preciso. Sou vaqueiro, sou de Taguatinga e abençoado, agora mais do que nunca”, expressou.
O cortejo que seguiu pelas ruas da cidade estava sendo esperado por muita gente, fiéis que vieram de longe para participar do evento, como a dona Célia Rodrigues. Nascida em Taguatinga, mas morando há 50 anos em Goiânia, a tocantinense há cinco décadas participa da missa. Hoje, aos 68 anos, ela seguiu tradicionalmente o cortejo, a pé, acompanhando toda a missa depois de dois anos sem poder manifestar sua fé.
“É tudo muito maravilhoso, uma benção que recebemos todo ano. Não ter nos anos anteriores me doeu, foi tenso para nós, fiéis, que estamos acostumados. Este ano está muito lindo”, afirmou Célia Rodrigues.
Durante o festejo a cidade se prepara para receber os fiéis, seja com as ruas ornamentaras, com as casas de portas abertas para a passagem da santa ou os fiéis que acolhem as pessoa que vão apreciar a programação do festejo. A Nerentina Torres Pereira é mais uma fiel que acompanha toda a programação e faz questão de participar da Missa dos Vaqueiros, momento em que vem bem cedo para pegar o melhor assento, para esperar a chegada da imagem da Nossa Senhora D’Abadia e assim acompanhar toda a missa. “Eu sou taguatinguense, amo estar aqui, é uma missão minha e até quando eu for viva eu tenho que vir assistir essa missa”, ressaltou.
Nossa Senhora d’Abadia
A ligação dos taguatinenses com Nossa Senhora d’Abadia é muito forte e ultrapassa as barreiras do tempo. Por se tratar de uma região próxima do estado da Bahia, o local, que no ano de 1834, ainda se chamava “travessia do brejo”, era ponto de travessia de muitos trabalhadores de fazendas, negociantes e comerciantes. Nesse período um dos negociantes, Francisco Lino de Souza, casou-se com a filha de um fazendeiro da localidade e foi ele que identificou a capela que havia no lugar, fazendo por meio desse espaço a fundação do povoado. Tendo, então, Francisco como seu fundador.
Foi nesse contexto que o homem levou uma imagem de Nossa Senhora D’Abadia à capela para então ser a padroeira da região. O lugar veio ser denominado como Paróquia de Santa Maria de Taguatinga. A partir daí, os moradores do local fortificaram sua devoção a santa até a formação da cidade no ano de 1872, mantendo até os dias de hoje a fé e paixão pela padroeira de Taguatinga.
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