Na manhã deste domingo (23), a Praia da Graciosa foi palco do 2º Festejo de Iemanjá, evento que reuniu fiéis, povos de terreiro e admiradores da religião afro-brasileira em uma manifestação de fé e cultura. Organizado pela Associação das Casas de Culto Afro-brasileiras do Tocantins (Afeccamto) e Ilé de Odé e Oyá, com apoio da Prefeitura de Palmas, o festejo homenageou a Rainha do Mar com rituais, música e entrega de oferendas ao Lago de Palmas.
O evento também teve um importante papel na luta contra a intolerância religiosa, promovendo a valorização das tradições afro-brasileiras e o respeito à liberdade de culto. Entre os destaques da programação, esteve a apresentação do projeto “Som da Nossa Fé”, contemplado pela Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), que levou a sonoridade dos atabaques para enriquecer a celebração.
Um encontro de fé, cultura e tradição
A concentração começou por volta das 8h, após uma carreata que partiu da casa do Pai Willian de Odé. No local, foram montadas tendas para acolher os participantes, que trajados de branco, participaram de rituais, giras e do tradicional banho de pipoca. As oferendas, incluindo flores e perfumes, foram levadas ao leito do Rio Tocantins em um ato de devoção a Iemanjá e Oxum, reforçando a conexão espiritual com as águas sagradas.
Duas importantes lideranças religiosas estiveram presentes no evento: Agba Iyalorixá Clara de Oyá, vinda de São Paulo, e Iyalorixá Mariana de Ayra, de Valparaíso, representante da casa matriz Ilé Oxumarê Asé Ogodo, de Salvador. A presença dessas lideranças fortaleceu a união entre as casas de Candomblé, Umbanda, Terecô, Molocó, Quimbanda e Jurema Sagrada.
Valorizando a cultura afro-brasileira
Para o presidente do Conselho Estadual de Políticas Culturais (CPC-TO), Elpídio de Paula, o festejo reforça a importância da cultura afro no Tocantins. “Nosso estado é marcado pela presença do povo quilombola e de terreiro. Essa celebração mostra a força das nossas raízes culturais”, afirmou.
A superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Tocantins, Cejane Pacini, destacou a relevância da ocupação dos espaços públicos para manifestações culturais e religiosas. “Esse encontro permite o combate à intolerância e possibilita que mais pessoas conheçam a cultura afro-brasileira”, declarou.
O Som da Nossa Fé: resgatando a musicalidade ancestral
Contemplado com R$ 15.000,00 pelo edital do Governo do Tocantins, o projeto “Som da Nossa Fé” teve sua primeira apresentação no evento. Com duração de dez meses, a iniciativa busca capacitar jovens para tocar atabaque, resgatando a musicalidade ancestral.
“Queremos agregar, harmonizar a comunidade e espalhar axé por meio da música”, afirmou Amanda Braz, proponente do projeto. Ao lado da cantora Ana Karolina Ferreira e do aluno Pedro Cordeiro, ela emocionou os participantes ao entoar cantos sagrados.
Celebração e pertencimento
Entre os participantes, a carioca Paula Mendes compartilhou sua emoção ao participar do festejo ao lado da família. “No Rio de Janeiro, esses encontros eram comuns. Morando em Palmas há cinco anos, nunca tinha visto algo assim. Estar aqui é sentir a força da comunidade e o verdadeiro pertencimento”, disse.
Com sua segunda edição consolidada, o Festejo de Iemanjá se firma como uma expressão de fé, cultura e resistência, promovendo o respeito à diversidade religiosa e a preservação das tradições afro-brasileiras em Palmas.
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